Crianças anglo-saxônicas brincando no Rio Tâmisa, em Londres - ainda bem que essas coisas só se vêem por lá...
Para que não digam que só escrevo o que escrevo porque sou um invejoso, ressentido e recalcado por causa desse imenso sucesso de público e crítica que é o lulopetismo, aí vai uma boa notícia.
Está em todos os jornais. O Brasil é agora a sexta maior economia do mundo. Deixamos para trás o Reino Unido.
Que beleza, não? Que maravilha! Esperem aí, vou abrir uma garrafa de champanhe.
Vou mesmo me juntar ao coro dos pachecos e pachecas do oficialismo cleptopetista e gritar, a plenos pulmões, cheio de furor ufanista, slogans de outra época: Pra frente Brasil! Ninguém segura este país! Brasil-sil-sil!
Pois é, né? Estou até com pena dos ingleses, coitados... Os súditos da rainha devem estar se roendo de inveja diante do avanço do Impávido Colosso. Também pudera: como sabe qualquer pessoa minimamente alfabetizada e com algum acesso à informação mais básica, os filhos da pérfida Albion estão numa pindaíba de dar dó até no mais miserável retirante nordestino. Ao contrário de nós, claro.
Só para vocês terem uma idéia, aí vão alguns números para nos encher ainda mais de orgulho patriótico:
- 53% das habitações sem saneamento básico - isso mesmo: mais da metade das casas sem esgoto;
- uma educação falida e incapaz de providenciar o ensino das noções mais básicas de português e de matemática, que se expressa nos últimos lugares nos exames internacionais dequalidade da educação, com mais de 14 milhões de analfabetos (noves fora os analfabetos funcionais, muito mais numerosos);
- um sistema de saúde pública infame e pavoroso, com hospitais que mais se assemelham a açougues;
- cerca de 50 mil assassinatos por ano devido ao crime organizado - num país que, oficialmente, não está em guerra;
- milhares de zumbis viciados em crack zanzando nos centros das grandes cidades e até no interior;
- estradas intransitáveis e aeroportos defasados há décadas, incapazes de atender à demanda;
- tragédias sazonais e plenamente evitáveis na estação de chuvas todo verão - devido àomissão criminosa das "autoridades" etc.
Sem falar, claro, num flagelo que, felizmente, é desconhecido por estas plagas: a corrupçãogeneralizada, a um ritmo de um ministro demitido a cada dois meses (apenas no primeiro ano do governo). Roubalheira? Mensalão? Impunidade? Ouvi dizer que tem dessas coisas lá pelas bandas da Inglaterra. (Aliás, por lá parece que também eles ainda sofrem com epidemias dedengue, vejam só que atrasados...)
Tudo isso, claro, existe na outrora gloriosa Grã-Bretanha, não no Brasil varonil. Todos estamos carecas de saber que, desde primeiro de janeiro de 2003, quando D. Sebastião voltou para nos redimir, nossa Pátria Amada Idolatrada Salve Salve virou o Paraíso terrestre, motivo de inveja e admiração de todos os povos do planeta.
Para reforçar isso ainda mais, vejam só o que os pobres britânicos têm para mostrar ao mundo, em comparação com o que temos a oferecer:
- Eles têm alguns escribas medíocres, como um tal de Shakespeare, ou um John Milton, umEdmund Burke, um J.S. Mill, um Charles Dickens... Figuras absolutamente obscuras e sem nenhuma influência na Literatura e na Filosofia mundiais. Nós temos gigantes do pensamento universal como Paulo Coelho e Gabriel Chalita.
- Eles deram ao mundo alguns poucos e insignificantes cientistas, como Isaac Newton eCharles Darwin; nós somos uma potência científica, como demonstram nossos dezenas de prêmios Nobel. Tanto somos que já temos mais ex-BBBs do que arqueólogos... é a nossa contribuição ao progresso mental da humanidade.
- Eles tiveram um papel ínfimo na História universal; já o Brasil foi berço da Revolução Industrial e exportador de tecnologia. Sem falar na nossa atuação decisiva na derrota do nazi-fascismo na Europa durante a II Guerra e, depois, do comunismo.
- Eles ainda pautam sua política externa pela chamada aliança atlântica com os EUA; nós estamos muito mais avançados, e nos guiamos pela aliança com baluartes da democracia e dosdireitos humanos como Cuba, Venezuela e Irã.
Nem falo aqui das artes e da cultura, como o cinema, onde, como todos sabem, damos um banho nos gringos. Estamos na vanguarda nesse quesito, ao contrário dos ingleses. Aliás, quem foi mesmo esse tal de Hitchcock?
Parece que a coisa está tão feia por lá que o governo de Sua Majestade estaria cogitando importar o modelo do Bolsa-Cabresto, tão bem-sucedido no Brasil. (Os políticos de lá não sabem o que estão perdendo.) Também estaria pensando em construir um trem-bala unindo o rio Capibaribe a seu tributário, o Tâmisa.
Via: Blog "do Contra"
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