
Não faço
parte dos afortunados que tem a pele bronzeada, mas isso (minha preferencia
pela chuva) não tem nenhuma relação com o fato de minha brancura me impedir de
ficar exposto por um longo período aos impiedosos raios solares. Tampouco sofro
de um tipo de depressão em que o isolamento e a reclusão são como um consolo
para uma alma que almeja a solidão.
Lembro-me
que quando era pequeno, nos dias de chuva, a minha família toda se reunia e
contávamos estórias, riamos, jogávamos algum jogo de tabuleiro e minha avó
fazia uma rosquinha coberta com canela e açúcar.
Não eram
raros naqueles tempos que a falta de eletricidade acompanhasse as tempestades o
que fazia as coisas ficarem ainda melhores uma vez que a TV ficava desligada e
se junto com a chuva viesse o frio podíamos ficar todos no sofá debaixo de um
cobertor tomando um chocolate quente.
Vejo a
Quaresma como um período de 40 dias de chuva. E acredito que devamos aproveitar
esta chuva para nos aproximar ainda mais de nossa família e de Deus. E para
isso igreja nos propõe que façamos da Quaresma um período de jejum, esmola e
oração.
O que é a
oração se não um diálogo com Deus em que falamos e deixamos que Deus nos fale
ao coração? Aproveitemos a chuva para conversar e contar estórias para Deus e
ouvir as suas (olha a Bíblia aí!).
O Jejum
nada mais é do que educar o nosso corpo é sair do amor desordenado de nós
mesmos e abrir a porta para uma sensibilidade distinta. O jejum nos ajuda a
entender que as coisas não são fins nelas mesmas e sim um meio assim como o
alimento não é o objetivo e sim o sustento do nosso corpo para que possamos
exercer nossas atividades. Jejuar é aprender que nossos desejos e necessidades
não são as coisas mais importantes do mundo.
A esmola é
uma oportunidade de algo para os outros, mas não o resto, não o que sobra, e
sim o que temos de importante. A palavra esmola vem do grego “eleéo” que
significa literalmente “ter piedade”, ou seja, preocupar-se com as necessidades
dos outros e não com a nossa própria.
Oração,
jejum e penitência são as ferramentas que usamos para sair de nós mesmos e
irmos ao encontro de Deus e dos nossos irmãos.
Sempre marco
o fim da quaresma com as rosquinhas cobertas de canela e açúcar, não mais
feitas pela minha avó que já foi de encontro ao criador, mas por minha tia e
madrinha. Ainda hoje elas tem o sabor de que a chuva vai passar, o sol vai
brilhar novamente e que tudo ficará bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os dez mandamentos do comentador responsável:
1. Sê breve
2. Sê honesto
3. Deixa o teu nome
4. Não blasfemes
5. Não te desvies do assunto
6. Não respondas só com links
7. Não digas asneiras
8. Não sejas demasiado curioso
9. Não alegues o que não podes evidenciar
10. Não escrevas só em maiúsculas
Reservo-me o direito de não publicar comentários ofensivos e deselegantes.