Recebi de um amigo o artigo de Frei Betto em defesa do cristianismo de Dilma Roussef. Ora, o que está em jogo não é a fé de Dilma ou a ausência dela. Se cresceu numa família católica, estudou em colégio religioso, tem devoção a Nossa Senhora, vai a Aparecida ou dá outros sinais de catolicismo de boa cepa pouco nos interessa, quando seu atual governo e o que pretende inaugurar em janeiro de 2011 têm uma agenda anticristã.
Na verdade, para nada servem as declarações de que pessoalmente seja contrária à descriminalização do aborto quando o atual governo, sob sua coordenação, fez todos os movimentos para transformar a tal “violência à mulher” em um direito humano. Como não enxergar a contradição de Dilma? Frei Betto não enxerga! Mas quem é Frei Betto? O mesmo que não enxerga o que o comunismo faz em Cuba.
Trago alguns trechos de uma carta-aberta de um cristão cubano, já publicadas aqui na íntegra, sobre as contradições de Frei Betto. Não me consta que o frade tenha respondido à carta, afinal o autor é somente um “homem do povo”, um daqueles que ficam bem no texto acadêmico e na foto, daqueles que existem apenas como abstração. Quando um “homem do povo” dá as caras no mundo real costuma "desconstruir" aqueles que os tranformaram em seu ganha-pão.
“Frei Betto (não sei se ainda é frade, digo-o com respeito) tem sido em Cuba a antítese da libertação, pois tem propagado a doutrina da submissão, do condicionamento, do alinhamento dos cristãos com o totalitarismo como condição para o respeito ao culto religioso. Com seu apoio a um regime opressivo, ele não defende o direito nem a liberdade de consciência, uma vez que nega o direito dos seres humanos cuja fonte é a primeira liberdade, sem condições, a liberdade dos filhos de Deus. Sua visão é reacionária e palaciana, ele olha os cristãos cubanos através de Fidel Castro, por isso quando publicou seu livro o fez através deste prisma. Betto preferiu falar de Fidel e a Religião. Eu quero falar do povo de Deus, do povo e a religião, do cubano e sua fé, como diria o Padre Santana, que morreu na diáspora.”
“Frei Betto aqui em Cuba é um homem de palácio, não defende o povo, mas o status da minoria do poder, não defende os pobres que não tem voz sequer para dizer que são pobres. Aqui em Cuba ele pode falar através do Granma, órgão oficial do Partido Comunista e insulta milhões de cristãos cubanos, desfigurando a história e a realidade da perseguição e da opressão que sofremos no passado e que ainda sofremos hoje. Betto oculta que o intento do regime comunista é descristianizar nossa vida, nossa cultura. Desta maneira o regime pretendia anular ou silenciar a fé dos cubanos, a raiz cristã e a memória cristã de nosso povo. Esta descristianização era imprescindível ao regime para submeter totalmente o povo e apropriar-se perversamente da pessoa humana. Toda uma política de Estado que se realizava na negação sistemática da fé dos cubanos, de sua moral, de seus valores, de sua família e das tradições cristãs do povo.”
“Betto reduz tudo desrespeitosamente dizendo que era uma questão de 'preconceito dos comunistas e medo dos cristãos'. Antes de qualquer coisa e por justiça devo dizer em nome de milhares de cubanos que todo esse horror não conseguiu fazer com que negássemos nossa fé nem nossa pertença à Igreja. Por esta causa muitos ainda sofrem o desterro na Igreja da diáspora cubana e outros dentro de Cuba, mas sem medo, senhor Betto.”
“Frei Betto torna-se alentador da intolerância e da imposição da mentira abusando da desvantagem de um povo amordaçado, reforçando em nível mais profundo o dano causado ao ser humano por esta ordem sem direitos, que todavia se impõe pelo medo. O povo cubano não necessita, nem quer, que alguém venha de fora para ocupar o lugar de capelão do trono, porque é um lugar que nenhum membro da Igreja em Cuba aceitou nem aceitará jamais.”
As palavras inequívocas de Oswaldo José Payá Sardiñas são suficientes para desmontar a farsa pseudocristã e pseudodemocrática de Frei Betto.
Via Oblatvs
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