segunda-feira

Epidemia de AIDS: tem culpa eu?

Ela é uma das personalidades mais festejadas pela sociedade. É paparicada por artistas famosos, políticos eminentes e organizações de saúde. O mundo a incensa, pois espera que ela seja a grande heroína na luta contra a difusão do vírus HIV. Mas, por detrás dos holofotes e confetes, no dia-a-dia dos casais, Dona Camisinha é frequentemente desprezada.

“A culpa é da Igreja Católica” – muge o gado. Queridos comedores de capim do meu Brasil varonil: quer dizer que o sujeito vai pecar contra a castidade, mas tem uma crise de beatice e resolve fornicar catolicamente, dispensando qualquer método anticoncepcional? Aham, amiguinho, senta lá!
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As pessoas que acham justo viver a sexualidade da forma como lhes der na telha sentem ódio ao perceberam que a vida de libertinagem pode lhes custar um alto preço. E, diante dessa barreira, em vez de enxergarem a sua própria insensatez, voltam as suas frustrações para a Igreja, que sempre nos ensinou o valor da pureza – a começar pela intenções do coração.
O flagelo da AIDS se difundiu inicialmente entre os gays – por volta da década de 1980 –, e depois, nas décadas seguintes, atingiu de igual modo os heterossexuais. Não há como não desconfiar que isso é o cumprimento desta profecia de São Paulo:
Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. (Romanos 1,27)
“O QUE A IGREJA FAZ É UM CRIME.”
Em uma entrevista, o médico Drauzio Varella disse a Igreja Católica é criminosa e deveria ser processada por condenar o uso da camisinha. Confiram:
mr_burns“O que a Igreja faz é um crime. Seus líderes deveriam ser processados. Estamos diante de uma epidemia incurável, e aí uma instituição faz propaganda – e mais do que isso, faz pressão – contra a camisinha. (…). Amanhã a Igreja vai se arrepender. Daqui a cem anos vai pedir desculpas.
(…)
“A camisinha precisa ser distribuída massivamente, nos bares e boates. Isso não acontece. O prefeito vai querer criar caso com o padre ou com o bispo da região? Quem vai enfrentar essas figuras? (…) É preciso fazer uma distribuição mais agressiva, ir atrás dos adolescentes e daqueles que têm vida sexual mais ativa. E isso ninguém faz para não ficar mal com a Igreja.” (1)
O que o Dr. Drauzio não explica é como que, nas grandes cidades brasileiras – onde, assim como a poluição, as camisinhas estão em toda parte – o número de casos de AIDS para cada 100 mil habitantes ainda é três vezes maior do que nas cidades pequenas.
É… parece que a distribuição massiva de camisinhas não obtém o sucesso esperado pelos dotô de prantão. Mas por quê?
CHUPAR BALA COM PAPEL
O governo brasileiro e as organizações de saúde em geral pregam que, para combater a AIDS, é preciso encher o bolso dos jovens de preservativos e conscientizá-los sobre a importância do seu uso.
Porém, o que eles bem sabem, mas não querem admitir, é que a maioria dos jovens NÃO QUER usar camisinha, porque foram educados a considerar o prazer como algo prioritário, que está acima de qualquer coisa (prazer = liberdade). Então, como muitos deles consideram que o preservativo reduz a sensibilidade na hora do bem-bão… simplesmente dispensam o seu uso, especialmente quando o relacionamento é mais estável.
É isso que conclui a matéria de um programa da Caixa Seguros voltado para jovens:
“De acordo com a Pesquisa sobre Comportamento Sexual e Percepção do HIV/Aids do Ministério da Saúde, apenas 23,4% das mulheres entre 20 e 24 anos usam preservativo com seus namorados, noivos, maridos ou parceiros (…).
“Além disso, o homem relaciona a proteção à diminuição do prazer (…). Por isso, muitas vezes, a pílula anticoncepcional toma o lugar da camisinha, mesmo esta sendo a única forma de se prevenir de ambas as situações.” (2)
Os jovens e adultos de hoje não querem que nada coloque freios ou limites em suas infelizes tentativas de se realizar por meio da satisfação sexual. É o que reconhecem até mesmo os pesquisadores e representantes de organizações que defendem o uso da camisinha:
“Muitos homens acreditam que o uso do preservativo diminui o prazer. E na cabeça dele, perder o prazer o faz sentir um homem incompleto.”
Elizeu Chaves Junior, representante auxiliar do Fundo de Populações das Nações Unidas no Brasil (2)
Conheço um rapaz que, assim que arrumou a primeira namorada, aos 16 anos, ganhou da avó uma caixa de sapatos repleta de camisinhas. Ela disse que ele podia transar à vontade, mas sempre com “segurança”. Resultado: o moleque arrumou um filho poucos meses depois. A sociedade não consegue mais contrololar omonstro hedonista que ela mesma criou: uma geração de indivíduos que não se dispõe a sacrificar nada.
E não venham dizer que muitos jovens não usam camisinha porque lhes falta informação. Em 2011, oMinistério da Saúde publicou um documento afirmando que “O conhecimento da população jovem sobre as formas de infecção pelo HIV é alto…” e que “cerca de 97% da população de homens (de 15 a 24 anos) sabem que o uso do preservativo é a melhor maneira de evitar a infecção pelo HIV.” (3)
Outro fator relevante: muitos casais até usam o preservativo início dos relacionamentos, mas depois que ganham confiança, não pensam duas vezes antes de deixá-lo de fora do lesco-lesco.
“As pessoas raramente usam preservativos em relacionamentos estáveis, pois isso implicaria em falta de confiança.”
Edward Green
Diretor do AIDS Prevention Research Project de Harvard
 (4)
ÍNDICE DE FALHA DA CAMISINHA
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Vamos falar de números. Por hora, deixemos de lado as informações sobre índices de falha da camisinha divulgados por sites e instituições católicas (alguém poderia afirmar que são distorcidas e tendenciosas). Consideremos somente os dados apresentados pelo Dr. Drauzio Varella, sempre tão fofo quando se refere à nossa Igreja. Vejam o que se diz sobre a camisinha em seu site, que interessante:
camisinha_furadaOs índices de falha variam de 0,9 a 23 por cem casais/ano. (…) A experiência indica que, com treinamento adequado, o índice talvez caia para entre quatro e seis casos por cem casais/ano.” (5)
Pra ficar bem claro o que o texto no site do dotô tá afirmando: a camisinha permite a passagem do sêmen em até 23 transas a cada 100. E, mesmo se a pessoa for bem treinada para fazer o uso correto do preservativo, ainda assim ele pode falhar 4 a 6% das vezes!!!
Então, quanto mais promíscua uma pessoa é, mais aumenta a possibilidade de contrair o vírus HIV, ainda que use sempre camisinha. É por isso que as políticas de saúde que apostam todas as fichas na camisinha, em vez de estimularem os indivíduos a viver a sexualidade de forma mais sadia e humana, são como um tiro no pé. As pessoas ganham uma falsa sensação de que com camisinha estarão sempre protegidas, e se expõe a situações cada vez mais arriscadas.
Sabendo disso, em 1999, o Ministério da Saúde divulgou em rede nacional um vídeo em que os atores Rodrigo Santoro e Luana Piovanni recomendavam, além do uso de camisinha, a redução do número de parceiros sexuais como forma de se proteger da AIDS (6). A campanha, tachada de “moralista”, foi duramente criticada por diversas ONGs e associações pró-rosca-sem-pregas e pró-perereca-sem-lei.
Desde então, o governo, covardemente, evita falar em redução de parceiros em suas campanhas. Agora o papo é: “Quer ser promíscuo? Tudo bem! Viva as suas fantasias, transe com quantas pessoas você quiser, contanto que use camisinha”.
Pelo visto, a ideologia imposta por alguns grupos tem mais peso para o nosso governo do que as evidências científicas. E assim, as pessoas se expõem e se arriscam cada vez mais, confiando em um método de barreira que apresenta um índice razoável de falhas, seja por rasgo ou escorregamento.
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DADOS CIENTÍFICOS CONFIRMAM DECLARAÇÕES DE BENTO XVI
Quando visitou o continente africano, em março de 2009, o Papa Bento XVI afirmou que a distribuição massiva de preservativos não solucionava a questão da pandemia da AIDS, e que ainda agravava o problema. A reação da sociedade era bem previsível: chiadeira geral. Um grande número de ONGs, médicos, jornalistas e políticos manifestaram grande rejeição a essas declarações.
E os cartunistas, então? Tripudiaram como nunca do nosso pastor.
im_right_youre_wrongTodo católico deveria ter uma desta!
Porém, naquele mesmo mês, algo inesperado aconteceu: para a surpresa dos ativistas anti-AIDS – e anticatólicos –, o jornal The Washington Post publicou um artigo do renomado cientista Edward Green, afirmando que as pesquisas científicas mais recentes confirmam tudo o que o Papa disse sobre a camisinha, especificamente em relação ao caso da África. (4) Detalhe: o cara é um dos maiores especislistas do mundo no assunto, e atua como diretor do AIDS Prevention Research Project de Harvard.
E aí, alguém viu a mídia de grande alcance noticiando isso? Todos silenciaram. É, minha gente… nem quando as evidências empíricas estão do nosso lado, o mundo nos dá razão!
No artigo, o Dr. Green deixa claro que não é contra o uso de preservativos e que estes devem estar disponíveis “para aqueles que não vão ou não podem permanecer em um relacionamento mutuamente fiel”. Entretanto, as pesquisas científicas provam que, “para os adultos sexualmente ativos, a primeira prioridade deve ser para promover a fidelidade mútua”. (4)
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Uganda é um exemplo emblemático. No final dos anos 80, 30% da população do país estava contaminada pelo HIV. Atualmente, este número é de 7%. E isso se deve exclusivamente ao enfoque que o governo dá na importância da abstinência (para os solteiros) e da fidelidade (para os casados).
A camisinha também integra a política anti-AIDS ugandense, mas não como a “estrela principal”. É disponibilizada como uma espécie de backup, como um último recurso para quem não vive a abstinência ou a fidelidade.
Zimbábue está tendo uma experiência também bastante positiva: índice de contaminação da população adulta caiu de 29% em 1997 para 16% em 2007. Um estudo divulgado em fevereiro de 2011, realizado por um grupo de cientistas da Universidade Harvard, das Nações Unidas, do Imperial College de Londres e por cientistas do Zimbábue, concluiu que esse notável declínio se deu principalmente pela grande redução das relações sexuais fora do casamento e do número de parceiros. A camisinha também integra o programa de prevenção do país, mas em um plano secundário. (7)
Por outro lado… A África do Sul há anos tenta em vão reduzir índices de 20% da população contaminada (sendo que, no caso das mulheres grávidas, esse valor ultrapassa 30%). O combate à AIDS no país, pra variar, tem foco na distribuição de camisinhas.
RESUMO DA ÓPERA
operaA verdade trazida à tona pelas últimas pesquisas científicas, em suma, é a seguinte:
  • a maioria das pessoas não usa camisinha porque não quer reduzir as suas possibilidades de obter prazer, especialmente quando vivenciam um relacionamento estável;
  • camisinhas têm um índice razoável de falhas, seja por rasgo ou escorregamento;
  • políticas de combate à AIDS na África que têm a camisinha como “carro chefe” acabam estimulando as pessoas à promiscuidade e, assim, elas se expõe a riscos cada vez maiores;
  • a Uganda e o Zimbábue, alguns dos poucos países que tiveram a coragem de incentivar a população a viver a abstinência e a castidade, obtiveram resultados fantásticos na queda dos índices de contaminação por HIV.
Diante disso, vamos parar com esse papinho cínico e sem-vergonha de que a Igreja Católica prejudica as ações de combate à AIDS. Os programas de saúde que insistem em endeusar a camisinha, em razão da sua abordagem desumana, já são falidos por si mesmos.
*****
Sobre as afirmações do Papa Bento XVI a repeito da possibilidade do uso da camisinha ser justificável em alguns casos, como o da prostituição, recomendamos a leitura deste artigo do site Veritatis SplendorO que disse o Papa sobre os preservativos?
Notas:
(1) Diversa – Revista da UFMG. Um doutor na sala de TV. Ano 7, núm. 16, nov/2008
(2) Site da Caixa Seguros – Jovem de Expressão. Amigos de Borracha. Consulta realizada em 31.01.2012
(3) Site do Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Aids e DST 2011
(4) The Washington Post. Condoms, HIV-AIDS and Africa – The Pope Was Right. 29.03.2009
(5) Site Drauzio Varella. Contracepção além da pílula. Consulta realizada em 31.01.2012
(6) Site do Ministério da Saúde – Dep. de DST, AIDS e hepatites virais. 1999 – TV – DST- Luana Piovanni e Rodrigo Santoro

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