Neste blog que ainda tem uma frase lá embaixo sobre a liberdade, curiosamente jamais fiz um texto sobre a filosófica questão do livre-arbítrio, ou a capacidade de um indivíduo de decidir as próprias ações. Ele existe mesmo?
Para os islâmicos, tudo, absolutamente tudo é resultado do desejo onipotente de Alá (inshallah), portanto o livre-arbítrio não existe. A religião cristã, me parece, conciliou melhor esse dilema, mas ainda assim é difícil distinguir o que seria resultado da ação divina do que seria meramente ação humana.
Para o budismo, somos escravos de nossos desejos. O desejo nos leva a sofrer, pois tudo é impermanente. Para obter a felicidade, precisamos eliminar o desejo. Ou seja, precisamos, na verdade, eliminar nossa própria individualidade. E o livre-arbítrio é só uma ilusão...
Mesmo para os que não acreditam em Deus, karma ou Destino, a questão é complicada. Afinal, de acordo com a teoria que você escolher, somos controlados por nossos instintos, nosso subconsciente, nossos genes ou nossa química cerebral.
Dizem que o atirador de Realengo era psicótico. Isso quer dizer que não tinha controle sobre suas próprias ações? Pulsões obscuras e uma falta de equilíbrio químico em sua mente doentia o conduziram - e às suas vítimas - a um beco sem saída?
Não precisamos falar em psicopatas. Eu mesmo - como cada um de nós, certamente - já tive momentos em que me arrependi muito de ter feito certas coisas, e fiz outras sem entender bem o porquê. Destino, genes, desejos irrefreáveis, reações a nível molecular?
É claro, de acordo com a maioria dos cientistas, o livre-arbítro não existe. Neste interessantíssimo artigo do New York Times sobre a questão, fala-se sobre um experimento científico no qual o indivíduo acredita ter livre-arbítrio, quando não tem: a decisão já tinha sido tomada antes, de forma inconsciente. O nosso cérebro estaria programado para nos fazer crer que temos livre-arbítrio, mesmo que não o tenhamos.
Um dos romances que trata sobre a questão é "A Laranja Mecânica" (O filme também é bom, mas o livro é melhor do que o filme). O jovem criminoso Alex é submetido ao "Tratamento Ludovico", uma nova técnica baseada nos reflexos condicionados que transforma o ultraviolento adolescente em um pacato cidadão de bem. Mas um padre, personagem importante do romance, é contrário ao tratamento: afirma que o homem deve ser livre para poder escolher entre o Bem e o Mal.
Mas e se essa escolha não fosse assim tão livre? Em 1971, por acidente, descobriram que a água na cidade de El Paso, retirada de poços subterrâneos, continha uma quantidade razoável de lítio, enquanto que a água utilizada na vizinha Dallas, tirada da superfície, não tinha. O lítio é um calmante e, segundo alguns estudiosos, era isso o que explicava que nível de crime violento em El Paso na época fosse bem inferior ao de Dallas. Era o calmante.
Claro, a diferença no crime poderia até ter outros fatores. Mas diga a verdade, se existisse uma droga pacificante que pudesse ser pulverizada por sobre todas as favelas do Brasil, e transformasse seus habitantes em mansos cordeirinhos, será que você não seria a favor?
Ou se o método Ludovico funcionasse, será que não gostaríamos que ele fosse usado nos criminosos mais impenitentes, e dane-se o "livre-arbítrio" dessas bestas-feras?
O perigo, é claro, vem a seguir. Afinal, por que parar com o controle do comportamento criminoso? Se funciona, por que não controlar também o comportamento do cidadão comum? Já há cientistas que asseguram ser possível desenvolver uma pílula anti-racista. Certo, e depois disso, o quê? A pílula anti-homofóbica? A pílula para não discordar do governo? Tome uma no café da manhã, e não precisa mais se preocupar com pensamentos impuros ou politicamente incorretos...
Não duvide que um dia aconteça. Se eles podem colocar flúor na água para a nossa saúde dental, por que não fariam algo similar "para a nossa saúde mental"?
Para os islâmicos, tudo, absolutamente tudo é resultado do desejo onipotente de Alá (inshallah), portanto o livre-arbítrio não existe. A religião cristã, me parece, conciliou melhor esse dilema, mas ainda assim é difícil distinguir o que seria resultado da ação divina do que seria meramente ação humana.
Para o budismo, somos escravos de nossos desejos. O desejo nos leva a sofrer, pois tudo é impermanente. Para obter a felicidade, precisamos eliminar o desejo. Ou seja, precisamos, na verdade, eliminar nossa própria individualidade. E o livre-arbítrio é só uma ilusão...
Mesmo para os que não acreditam em Deus, karma ou Destino, a questão é complicada. Afinal, de acordo com a teoria que você escolher, somos controlados por nossos instintos, nosso subconsciente, nossos genes ou nossa química cerebral.
Dizem que o atirador de Realengo era psicótico. Isso quer dizer que não tinha controle sobre suas próprias ações? Pulsões obscuras e uma falta de equilíbrio químico em sua mente doentia o conduziram - e às suas vítimas - a um beco sem saída?
Não precisamos falar em psicopatas. Eu mesmo - como cada um de nós, certamente - já tive momentos em que me arrependi muito de ter feito certas coisas, e fiz outras sem entender bem o porquê. Destino, genes, desejos irrefreáveis, reações a nível molecular?
É claro, de acordo com a maioria dos cientistas, o livre-arbítro não existe. Neste interessantíssimo artigo do New York Times sobre a questão, fala-se sobre um experimento científico no qual o indivíduo acredita ter livre-arbítrio, quando não tem: a decisão já tinha sido tomada antes, de forma inconsciente. O nosso cérebro estaria programado para nos fazer crer que temos livre-arbítrio, mesmo que não o tenhamos.
Um dos romances que trata sobre a questão é "A Laranja Mecânica" (O filme também é bom, mas o livro é melhor do que o filme). O jovem criminoso Alex é submetido ao "Tratamento Ludovico", uma nova técnica baseada nos reflexos condicionados que transforma o ultraviolento adolescente em um pacato cidadão de bem. Mas um padre, personagem importante do romance, é contrário ao tratamento: afirma que o homem deve ser livre para poder escolher entre o Bem e o Mal.
Mas e se essa escolha não fosse assim tão livre? Em 1971, por acidente, descobriram que a água na cidade de El Paso, retirada de poços subterrâneos, continha uma quantidade razoável de lítio, enquanto que a água utilizada na vizinha Dallas, tirada da superfície, não tinha. O lítio é um calmante e, segundo alguns estudiosos, era isso o que explicava que nível de crime violento em El Paso na época fosse bem inferior ao de Dallas. Era o calmante.
Claro, a diferença no crime poderia até ter outros fatores. Mas diga a verdade, se existisse uma droga pacificante que pudesse ser pulverizada por sobre todas as favelas do Brasil, e transformasse seus habitantes em mansos cordeirinhos, será que você não seria a favor?
Ou se o método Ludovico funcionasse, será que não gostaríamos que ele fosse usado nos criminosos mais impenitentes, e dane-se o "livre-arbítrio" dessas bestas-feras?
O perigo, é claro, vem a seguir. Afinal, por que parar com o controle do comportamento criminoso? Se funciona, por que não controlar também o comportamento do cidadão comum? Já há cientistas que asseguram ser possível desenvolver uma pílula anti-racista. Certo, e depois disso, o quê? A pílula anti-homofóbica? A pílula para não discordar do governo? Tome uma no café da manhã, e não precisa mais se preocupar com pensamentos impuros ou politicamente incorretos...
Não duvide que um dia aconteça. Se eles podem colocar flúor na água para a nossa saúde dental, por que não fariam algo similar "para a nossa saúde mental"?
COMENTO: O dono do SDP, como cristão e católico romano, acredita piamente no livre arbítrio e repudia todas as formas modernas de supressão deste direito que nos foi outorgado pelo criador.
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