Estou com preguiça de abordar temas mais sérios e complexos, portanto sigo com temas frívolos ou sem grande importância para o leitor. Uma discussão no blog tradicionalista View from the Right chamou a atenção para o tema dos nomes.
Sabe-se que muitas vezes os pobres costumam escolher nomes bem "criativos" para seus filhos: Valdisney, Francisleidy, Avagina, Uéliton, etc. O mesmo ocorre, com variações, entre as classes baixas americanas, seja no gueto negro (Shaquanda), seja na fazenda redneck (Winchester).
Porém, o curioso é que também entre os ultra-ricos, em especial entre as celebridades da mídia, os nomes bizarros estão se tornando cada vez mais comuns. Como já estamos em 2011, fica difícil colocar a culpa nos velhos hippies e suas drogas alucinógenas.
Já tínhamos a Suri do Tom Cruise e a Apple da Gwinnet Paltrow, entre tantos outros. Robert Rodriguez não perdoou nenhum de seus quatro filhos: são Rocket, Rebel, Rogue e Racer. No Brasil, temos a Sasha da Xuxa, e Zaion e Krizia, filhos de Fábio Júnior.
Agora a Alicia Silverstone resolveu dar a seu filho o nome de Bear Blu (algo como urso azul).
O que explica esses nomes? Imagino que a idéia de torná-los únicos e originais e, por extensão, afirmar que a criança também será única e original -- não um João ou William qualquer.
O problema é que um nome "criativo", além de submeter o indivíduo a uma vida de gozações, também termina limitando as suas possibilidades. Bear Blu talvez seja um ator, um decorador de interiores ou um cantor de rock; mas provavelmente não será um gênio das matemáticas ou um famoso homem de negócios.
Será que os nomes condicionam destinos? O que há de diferente, afinal, em um nome inventado como Zaion e um nome comum como Paulo? Chamar alguém de "Maçã" (fruta) é tão diferente de chamar alguém de "Rosa" (planta)?
Acho que a diferença é a tradição. Associamos certos nomes com certas personalidades históricas ou biblicas, com nossos antepassados, com certas categorias étnicas ou até classes sociais. Um nome revela o futuro que você imagina para a criança a partir do passado associado a esse nome. Nomes "originais" e "criativos" apenas refletem uma idéia superficial do momento, seja um jogo de palavras ou uma homenagem de gosto duvidoso, além de mostrar incapacidade de imaginar o futuro. Um bebê chamado Bear Blu é uma gracinha; um quarentão com o mesmo nome, não tanto. É um ato de vaidade dos pais, que transformam o próprio destino da criança em uma cruel brincadeira.
Porém, talvez o fim do tradicionalismo conservador indique o fim dos nomes tradicionais. Antigamente, imigrantes costumavam modificar o seu nome para adaptá-los ao novo país. Hoje, essa não é mais a regra: o nome mais comum em Londres é Mohammed. Mesmo em Hollywood, atores de origem estrangeira ou de pronúncia difícil costumavam americanizar seus nomes. Hoje eles preferem dar a seus rebentos nomes multiculturais. Sinal dos tempos.
Qual nome você vai dar ao seu filho?
"Bear Blu o caralho! Agora meu nome é Zé Pequeno!"
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