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Não é a primeira vez que me deparo com este sofisma (que vemos na imagem): “sou espiritual, mas não sou religioso”. Trata-se de uma contradição nos termos. O argumento parece ser o de que a estética (a arte: a música, a pintura, a poesia, etc.) não tem nada a ver com a religião, e que a religião não tem nada a ver com a metafísica. Trata-se de um argumento sofista.
A arte — ou seja, a estética — está estritamente ligada à ética e ambas (como tudo o resto) têm as suas raízes na metafísica. E qualquer teoria metafísica é uma forma de religião.
Os “intelectuais” de Esquerda, em geral, são useiros e vezeiros na utilização da frase : “Sou espiritual, mas não religioso”.
Porém, do ponto de vista da lógica, essa frase não faz sentido, porque a renúncia à metafísica seria o mesmo que renunciar ao pensamento: “É possível rejeitar a metafísica, mas nesse caso, não se deve querer ter uma palavra a dizer seja do que for” (Wolfgang Stegmüller). E se é impossível renunciar à metafísica a não ser que se fique calado sobre tudo e todos, quando alguém diz que “sou espiritual, mas não religioso” está a exprimir uma teoria metafísica e, portanto, uma forma de religião.
Por O. Braga
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