No Século XIV AC, um grande líder tinha a responsabilidade de conduzir aproximadamente 600 mil pessoas pelo deserto, em direção a um grande objetivo. O dia-a-dia deste líder era uma loucura; muitas pessoas se aglomeravam ao redor de sua tenda para pedir conselhos, dar sugestões, oferecer ou pedir ajuda, enfim, este líder já não tinha tempo para nada.
Certo dia, no final da tarde, seu sogro o levou ao alto de uma colina, onde puderam conversar sem ser interrompidos, e lhe disse:
- Porque você precisa resolver pessoalmente todos os casos que lhe são trazidos? O que você está fazendo não está certo. Desse jeito você vai ficar cansado, e o povo também. Isso é muito trabalho para você fazer sozinho!
- Poxa, mas é isso que eles esperam de mim! Você já imaginou se eu passar esta tarefa para outras pessoas e algo sair errado? – Retrucou o líder.
- Isso não deve preocupá-lo. Você deve ensinar ao povo como viver. Escolha pessoas capazes e coloque-os como chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez. Escolha pessoas que mereçam sua confiança e que sejam honestas e integras. Eles ajudarão o povo, e somente os casos mais difíceis serão trazidos à você. Assim será melhor pra você e para o povo.
Muitos de vocês já identificaram esta história. Ela é uma adaptação livre do texto bíblico do livro de Êxodo, capítulo 18, versículos 14 a 23, que fala sobre Moisés e o povo hebreu em sua jornada para conquistar a Terra Prometida. Apesar de sua antiguidade, a Bíblia é uma dos livros mais atuais que podemos ler. Vejamos o Jetro, sogro de Moisés, sugeriu a ele:
- Escolha pessoas de sua confiança;
- Alie confiança e competência;
- Treine-as, capacite-as;
- Ensine-lhes as regras e dê-lhes as diretrizes para aplicá-las;
- Faça-as com que se sintam responsáveis pelos resultados;
- Informe a todos sobre a existência e responsabilidade dessas pessoas;
- Delegue conforme as habilidades de cada um.
Delegar é desafiar a equipe é criar um ambiente onde todos participem e colaborem para transpor novos desafios. Criar um nível tal de participação e interação com a equipe, que aquilo que parecia impossível deixa de ser. Delegar é estabelecer um ambiente onde toda a equipe, incluindo o líder, se reúnem para buscar alternativas para a resolução de problemas.
Muitos têm problema para delegar, ou porque não gostam, não sabem, não se sentem satisfeito com o processo de delegação, ou simplesmente não querem. Isso cria um problema. É a história do ovo e da galinha. “Eu quero delegar, mas eles não estão prontos, então eu acabo trabalhando mais horas do que deveria. Pra que eles fiquem prontos eu tenho que dedicar muito tempo ensinando e preparando, e eu não tenho este tempo”.
Ato de delegar, que é composto de duas fases. A primeira fase é composta de 3 perguntas:
- Treine: Você preparou adequadamente a pessoa naquela tarefa que está passando a ela? Delegar sem treinar é na verdade “delargar”.
- Delegue a tarefa inteira: Você delega a tarefa inteira, ou apenas parte dela? Você fica microgerenciando a tarefa, dando palpite, desconfiado? Depois de treinar a pessoa, delegue tudo!
- Estabeleça um sistema de acompanhamento: Você faz um bom acompanhamento do que foi delegado? Muitos líderes não recebem retorno do que foi ou está sendo feito. É preciso estabelecer um sistema de acompanhamento. Crie um sistema de follow-up para que a pessoa lhe informe os checkpoints (pontos de controle), até que a tarefa esteja finalizada. Deixar para acompanhar apenas quando o prazo estiver terminando, é um grande risco. Se algo estiver “fora dos trilhos”, pode não haver tempo para recuperar.
Muito bem, a primeira fase da delegação consiste em Treinar a pessoa, delegar a tarefa inteira, e estabelecer um sistema de acompanhamento. É importante ressaltar, porém, que delegamos apenas a tarefa e não a responsabilidade. A responsabilidade pela tarefa continua sendo do líder. O que damos ao delegado é o “empowerment” (“empoderamento”) para executar a tarefa. É por isso que o sistema de acompanhamento é tão importante.
Quando a pessoa assume a tarefa, e começa a desenvolvê-la, ela se apropria dela, e começa ela mesma descobrindo maneiras mais eficientes de fazê-la.
Entramos então na segunda fase da delegação: permita e incentive que as pessoas melhorem o processo. Dê liberdade e autonomia para que exerçam sua criatividade. Isso gera autonomia, propriedade, responsabilidade.
Muitos líderes não delegam, e quando o fazem, querem que as coisas sejam feitas do seu jeito. O Líder-Coach, no entanto, usa o ato de delegação como uma ferramenta de estabelecimento de confiança, apoio, autonomia, criatividade e produtividade. Ele quer que sua equipe descubra coisas que ele mesmo não conseguiu descobrir, as vezes por falta de tempo, por falta de foco, ou mesmo porque eles são melhores do que ele neste assunto.
Assista ao vídeo de Marco Fabossi sobre delegação (Aqui).Marco Fabossi
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