terça-feira

A Internet está nos deixando loucos?

Anteontem, um jovem maconheiro fã de teorias de conspiração e provavelmente psicótico atirou contra uma deputada Democrata americana, levando-a para o hospital e matando 6 outras pessoas, incluída uma menina de 9 anos. O surpreendente do fato é que não seja surpreendente, já que atiradores malucos não faltam por estas bandas.

O engraçado é que, justo um dia antes do ocorrido, um sujeito abordou-me num café com um papo maluco também bastante parecido com o deste jovem, sobre "nova ordem mundial", "fim do mundo em 2012", "crise energética", "falta de água", "perseguição aos mexicanos", "lei marcial", etc. Não era um vagabundo, mas uma pessoa normal bem-vestida e quase certamente não psicótica, apenas tomada pelas idéias que flutuam por aí, no zeitgeist.

O blogueiro Richard Fernandez observa uma coisa curiosa: que embora o comportamento do jovem fosse bizarro há tempos, nenhum dos seus colegas percebeu que ele era simplesmente doido. Diz o blogueiro, traduzo aqui:
Parte do problema pode ser a normalização do comportamento louco. Quando ser bizarro é ser cool e o "sonho consciente" invoca os filmes Matrix ou A Origem, a linha entre a loucura e a excentricidade fica um pouco diluída.
De fato, na cultura em que vivemos, é normal um jovem tomar drogas, usar piercings e tatuagens demoníacas (ver imagens e ler artigo do Theodore Dalrymple ao final), ter comportamento sexual "diferenciado", isso sem falar nas teorias da conspiração que a Internet torna cada vez mais comuns. E ninguém fala nada, pois é já parte do novo normal, e julgar alguém pelo seu modo de vestir, pensar ou de se comportar poderia ser discriminação, e nós não queremos discriminar ninguém, não é mesmo?

Mas uma sociedade que não discrimina ninguém tampouco pode discriminar os loucos. (E, de fato, fechou quase todos os hospitais psiquiátricos. Os loucos agora andam na rua.)

De qualquer modo, este caso chamou a atenção da mídia por se tratar de um atentado contra uma figura pública, mas a verdade é que malucos que matam por motivos banais não são tão raros assim, ainda que ocorram mais dentro da própria família. Isso sem falar em outros tipos de violência: no mesmo dia em que ocorreu a matança no Arizona, no México eram encontrados 15 cadáveres decapitados a mando de um traficante local. Vivemos em um mundo insano.

É claro, a esquerda americana já está colocando a culpa pelo tiroteio na Sarah Palin, no Glenn Beck, na falta de controle de armas, no "discurso político exaltado que leva à violência" (mas quem faz discursos políticos exaltados e violentos mais que eles?), nas políticas do Arizona contra a imigração, etc. (Só faltou culpar o "aquecimento global"). Mas é apenas o esperado. Também essa é uma forma de loucura.



Um comentário:

  1. Cara de psicopata, acabado pra 22 anos. Vou fazer 37 e n tenho rugas ahuhauahu

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